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domingo, 13 de maio de 2012

Lembrança Triste de Amor

 Já passava da meia-noite quando ela ligou. “Oi, sinto sua falta sabia? E você o que está sentindo?”. Uma hora daquelas com uma pergunta daquelas… Difícil de responder… Fingi não saber quem era. E ela com aquela voz doce e sutil ainda respondeu “Tem certeza que você não sabe quem é?”, desarmando assim todo e qualquer escudo contra sentimentos passados que eu ainda fingia ter. Tá bom eu sei quem é você. Mas não. Eu não sinto sua falta não. Não sinto falta do seu cheiro, da sua pele, das suas roupas jogadas pela casa, dos bilhetinhos colados na geladeira que diziam para eu não me atrasar, da pasta de dente espremida pela metade e nem da carinha feliz desenhada no espelho do banheiro, feita com vapor da água quente de quando demorávamos horas no banho fazendo coisas que só a gente sabe que faz… Não, não mesmo. Eu não sinto falta de nada disso e tão pouco de você. E então ouve um breve silêncio que durou segundos e que logo foi abafado por apenas um suspiro do outro lado da linha. Ela havia desligado. Nossa, foi a pior noite daqueles dias. Dias onde a saudade fazia companhia, mas que era extremamente prejudicial saná-la com qualquer distração. É horrível quando a gente pensa que esqueceu alguém e como se fosse o Mister M, pluft, lá está ela de novo. Cortando ao meio o nosso coração e trazendo de volta um monte de recordações… E o pior de tudo é que esse Mister M leva sua mágica a nossas mentes e sempre nos faz trazer de volta também aqueles velhos questionamentos: Se eu não sentia falta dela como me lembrava de tantos detalhes? Como me lembrava do cheiro e das carinhas (desenhadas ou sentidas) no banheiro, no espelho, no box e na banheira? Como me lembrava de tanta coisa e dizia para mim mesmo e para ela que não sentia nada? Não sei… Só sei que a noite ficou longa demais para dormir. Já eram duas e meia. Pego o telefone e ligo para ela. Mas com quem converso não é com quem eu realmente gostaria e sim com uma caixa postal dizendo ” Oi, você ligou para mim mas infelizmente me encontro em outro lugar. Por favor deixe sua mensagem e se valer realmente a pena eu retorno. Tchau!”. E então eu apenas digo aquela máquina sem vida que sentia sua falta também. E mesmo sabendo que não era ela, ao ouvi-lá pude cair no sono… Como se até a voz emitida por aquela máquina tivesse também uma magia… Uma magia de uma voz que sentia tudo que eu sentia, mas que com o tempo deixou de pensar em nós para pensar somente nela… Logo esse sono de poucas horas viria acompanhado daquela conhecida saudade diária, que era sempre sanada com aquele velho travesseiro que conhecia muito bem o meu abraço e as minhas lamentações. Qual será a finalidade desses surtos de ilusões que a vida nos mostra? Será que é por capricho, vontade de se divertir ou apenas mais um jeito dela mostrar que as coisas podem mudar? Já haviam se passado dois longos anos sem ela e do falecimento de todos aqueles sentimentos. E então porque essa noite foi tão difícil assim? Como uma simples pergunta pode parecer a pior das incógnitas? Vai saber… Ela não havia mais me ligado depois desse dia e nem me procurado nem para tomar um café, coisa que ás vezes fazíamos, tentando enganar a nós mesmos que continuávamos sendo apenas grandes amigos. A princípio foi um alívio, afinal quanto mais tempo longe dela mais esqueceria daquela noite e de toda aquela mágica (ou deveria chamar de ilusão?). Mas depois de um tempo era difícil nao se preocupar com aquela que já havia se preocupado tempo demais comigo. E então fui a sua procura. Ao chegar em sua casa o que encontro não era não aquela menina que um dia me chamou de meu amor e que sempre sabia como me agradar com o mais belo dos sorrisos, mas sim um corpo imóvel, gelada e sem expressão e sua mãe chorando desesperadamente querendo entender o motivo do suicídio de sua filha. E eu, no meio de tudo aquilo, só conseguia lembrar da última noite falada com ela. Da última noite em que havia escutado aquela linda voz que havia se calado para sempre… A culpa e a tristeza me encheram os olhos de lágrimas e me fazem questionar o motivo desse ato. Ás vezes não entendemos como ligações inusitadas podem fazer toda uma diferença para quem as faz. E o que era para ser um dia de recordações e chances tornou-se a mais triste mágica que pude presenciar. A mágica da vida transformada em ilusão. Ao sair dali ainda pude ouvir o legista falando com a mãe dela: “Parece que o horário da morte foi entre meia-noite e duas”… Aquilo ali não restava duvidas. A última pessoa a falar com ela foi a mesma que lhe disse que não sentia sua falta. E a última pessoa a falar com ela foi a primeira a dizer adeus sem saber. Triste perceber que nem todo show de mágica tem um desfecho maravilhoso… E que nem todo Mister M revela o segredo de seus truques no final do show… Show esse que não ter mais sentido algum quando quem o apresentava havia feito a sua mágica final: A mágica de trazer a saudade e a culpa ao seu único expectador.

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